A charada de Daniel Kahneman

No século XXI a ideia de um ideal de felicidade está viva como nunca. Seja no cinema e na literatura onde se retrata um virtual direito à felicidade que todo ser humano deveria almejar. Seja nas redes sociais, onde a palavra alcançou um novo patamar de senso comum, vista em frases feitas que lá circulam sem restrições ou argumentação crítica por parte de seus leitores.
Mas o conceito de felicidade está longe de ser algo simples e facilmente identificavel. Na verdade, a ideia de felicidade carrega consigo uma série de armadilhas cognitivas, que dificultam sua analise racional.
É o que afirma Daniel Kahneman, fundador da Economia Comportamental e ganhador do prêmio nóbel, em uma palestra de 16 minutos proferida na TED 2010. Encontrei com o texto na mais inusitada das circunstâncias. Comentei com uma amiga que não sabia ao certo onde passar minhas ferias de meio do ano, que serviriam também para marcar a formatura de meu curso. Ao invés de uma opinião direta, recebi o link para o vídeo onde se via a palestra de Kahneman.



Para aqueles que não sabem, TED (Technology, Entertainment and Design) é um conjunto de conferências que tem o propósito de "disseminar ideias". Teve sua primeira realização em 1984, e a partir de 1990 se tornou um evento anual. Em 2010 o evento contou com a participação do economista Daniel Kahneman. O tema de Kahneman era sobre a felicidade e, mais especificamente, sobre o eu da memória vs. o eu da experiência. De acordo com o economista comportamental, haveria uma distinção entre a felicidade experimentada pelo eu da experiencia, (aquele que vivencia o instante) da satisfação experimentada pelo eu da memória, (aquele que depende do simbólico do passado).
Quando pensamos em felicidade, pensamos geralmente considerando o eu da memória. Para o eu da memória, o resultado total da história pode ser mais importante que a intensidade das sensações. Uma ótima viagem que tenha um final infeliz pode se tornar uma péssima viagem para o eu da lembrança. Ele demonstra a importância da lembrança com um questionamento: Suponha que após suas férias, todos os seus albuns de fotos serão destruídos, e que você não vai se lembrar de nada do que lá acontecer, você ainda vai querer passar as férias no mesmo lugar, ou escolheria outro lugar para passar suas férias?
É difícil absorver por completo a significância das ideias de Kahneman, e embora não tenham resolvido o problema de minhas férias, me deram uma nova perspectiva acerca de como considerar experiências e vida.