O Silêncio dos Cordeiros

Muitas pessoas não se lembrarão do nome de Clarice Starling, mas serão poucos os que não reconhecerão o nome do Dr. Hannibal Lecter. O canibal Hannibal Lecter foi imortalizado por Anthony Hopkins no cinema com o filme "O silêncio dos Inocentes" e marcou presença posteriormente nas sequências "Hannibal" e " Dragão Vermelho".
O serial killer apareceu pela primeira vez em 1981 no livro 'Red Dragon' (Dragão Vermelho) de Thomas Harris. Hannibal Lecter exercia um papel secundário mas essencial na trama. Sua aparição seguinte veio em 'Silence of the Lambs' (O Silêncio dos Inocentes) em 1988. Posteriormente seriam lançados 'Hannibal', em 1999, e 'Hannibal Rising' (Hannibal, a Origem do Mal) em 2006.
Exceto por 'Hannibal, a Origem do Mal', os outros três livros formam uma sequencia (embora nada te impeça de ler os livros fora da ordem, ainda mais para aqueles que viram os filmes, é esperado que você esbarre com fortes spoillers dos vollumes anteriores).
Em O silêncio dos inocentes, Clarice Starling é uma agente em treinamento no FBI. Seu envolvimento na trama se inicia quando o Chefe de Seção, Jack Crawford, pede que proceda uma entrevista com o infame serial killer, Hannibal Lecter.
O ex-psiquiatra inicia um enigmatico jogo com a jovem Starling, onde passa a dar dicas sobre a pessoa de Buffallo Bill, um assassino em série que matava e esfolava jovens por todo o país.
O livro tem dinâmica bem similar à do filme, que se mostrou bem fiel ao texto. Os dialogos entre Starling e Lecter são marcantes e densos, e a personalidade da agente especial se mostra floreada e bem desenvolvida.
Para aqueles que apreciam uma boa literatura de suspense, é uma excelente opção.

A charada de Daniel Kahneman

No século XXI a ideia de um ideal de felicidade está viva como nunca. Seja no cinema e na literatura onde se retrata um virtual direito à felicidade que todo ser humano deveria almejar. Seja nas redes sociais, onde a palavra alcançou um novo patamar de senso comum, vista em frases feitas que lá circulam sem restrições ou argumentação crítica por parte de seus leitores.
Mas o conceito de felicidade está longe de ser algo simples e facilmente identificavel. Na verdade, a ideia de felicidade carrega consigo uma série de armadilhas cognitivas, que dificultam sua analise racional.
É o que afirma Daniel Kahneman, fundador da Economia Comportamental e ganhador do prêmio nóbel, em uma palestra de 16 minutos proferida na TED 2010. Encontrei com o texto na mais inusitada das circunstâncias. Comentei com uma amiga que não sabia ao certo onde passar minhas ferias de meio do ano, que serviriam também para marcar a formatura de meu curso. Ao invés de uma opinião direta, recebi o link para o vídeo onde se via a palestra de Kahneman.



Para aqueles que não sabem, TED (Technology, Entertainment and Design) é um conjunto de conferências que tem o propósito de "disseminar ideias". Teve sua primeira realização em 1984, e a partir de 1990 se tornou um evento anual. Em 2010 o evento contou com a participação do economista Daniel Kahneman. O tema de Kahneman era sobre a felicidade e, mais especificamente, sobre o eu da memória vs. o eu da experiência. De acordo com o economista comportamental, haveria uma distinção entre a felicidade experimentada pelo eu da experiencia, (aquele que vivencia o instante) da satisfação experimentada pelo eu da memória, (aquele que depende do simbólico do passado).
Quando pensamos em felicidade, pensamos geralmente considerando o eu da memória. Para o eu da memória, o resultado total da história pode ser mais importante que a intensidade das sensações. Uma ótima viagem que tenha um final infeliz pode se tornar uma péssima viagem para o eu da lembrança. Ele demonstra a importância da lembrança com um questionamento: Suponha que após suas férias, todos os seus albuns de fotos serão destruídos, e que você não vai se lembrar de nada do que lá acontecer, você ainda vai querer passar as férias no mesmo lugar, ou escolheria outro lugar para passar suas férias?
É difícil absorver por completo a significância das ideias de Kahneman, e embora não tenham resolvido o problema de minhas férias, me deram uma nova perspectiva acerca de como considerar experiências e vida.